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sábado, 28 de novembro de 2009

Velocidade da luz superada...

20 de Julho de 2000

Um grupo de físicos americanos pode ter descoberto uma velocidade superior ao que antes se suponha ser a velocidade máxima do universo – a velocidade da luz. Durante gerações, os físicos supuseram que não havia nada mais veloz do que o movimento da luz no vazio, uma velocidade de 300 mil quilómetros por segundo. Mas, em uma experiência da Universidade de Princeton, Nova Jersey (EUA), físicos enviaram um raio laser através de vapor de césio numa velocidade tão alta que saiu da câmara antes de terminar de entrar. Os cientistas dizem que esta foi a demonstração mais convincente de que a velocidade da luz pode ser superada, ao menos sob determinadas circunstâncias em laboratório.
O feito ainda não tem aplicações práticas imediatas, mas experiências similares têm gerado entusiasmo na comunidade internacional de físicos teóricos e ópticos. A experiência de Princeton põe à prova os limites da teoria da relatividade que Albert Einstein descobriu no princípio do século, segundo a qual a velocidade das partículas de luz no vazio é a única medida absoluta do universo. A velocidade de tudo mais seria relativa ao observador. Nas circunstâncias quotidianas, um objecto não pode viajar numa velocidade maior do que a da luz. Em possíveis aplicações práticas, a experiência poderia contribuir no desenvolvimento de computadores mais velozes, que transportariam informações em partículas de luz.

Relatividade não foi violada

A experiência de Lijun Wang, A. Kuzmich e A. Dogariu, do NEC Research Institute, publicado na Nature, 406, 277, de 20 Jul. 2000, consiste na propagação de um raio laser com 3,7 microns de extensão por uma cápsula de 6 cm contendo átomos de césio especialmente excitados ao segundo nível, em uma situação programada para que o índice de refracção esteja mudando rapidamente. Como um raio laser de curta duração é necessariamente formado por um grande número de ondas com frequências diferentes, o que se mede é a interferência das diferentes frequências componentes do raio lazer, que mudam de fase devido à variação do índice de refracção. A fase relativa muda fazendo com que a parte central do raio lazer se adiante 1,7% de sua extensão. Como o início do raio lazer ocorre antes do centro do pico de saída, não há qualquer violação da casualidade. Como a velocidade de fase da luz não muda, só a velocidade de grupo do raio lazer, não há qualquer violação da relatividade. O próprio Lijun Wang, líder da equipa explica: "Falando precisamente, é a velocidade de transferência da informação que é limitada pela velocidade da luz no vácuo." Toda a informação necessária sobre o raio lazer está contida em sua minúscula borda frontal. Assim que essa parte do raio lazer entra na câmara, os átomos especialmente preparados podem começar a reproduzir outro raio lazer idêntico no outro lado da câmara. (27 Jul. 2000)


-Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS (adaptado)

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