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segunda-feira, 29 de março de 2010

Para Science, solução de problema matemático é maior avanço do ano

A resolução proposta por um excêntrico matemático russo para a Conjectura de Poincaré lidera lista da revista dos dez maiores feitos da ciência em 2006; busca de planetas extra-solares e mudanças climáticas são apostas para 2007.


A revista norte-americana Science destaca, na edição desta semana (22/12), a solução da Conjectura de Poincaré como o principal avanço científico de 2006. Formulada em 1904 pelo francês Henri Poincaré, a conjectura é uma complexa hipótese matemática que trata da natureza das superfícies de formas tridimensionais abstractas. É também um dos mais importantes problemas da topologia, área da matemática que estuda superfícies que podem ser esticadas indefinidamente.

Depois de sete anos trabalhando em isolamento, o excêntrico matemático russo Grigori Perelman publicou abertamente na Internet em 2002 o primeiro de três artigos em que, entre outras coisas, traz uma resposta ao centenário problema. No entanto, depois de uma passagem pelos Estados Unidos em 2003, ele voltou à Rússia e se isolou novamente. Três anos e centenas de páginas de cálculos depois, três grupos de matemáticos trabalhando nos EUA e na China alcançaram o russo, provando que sua solução era válida.

Em Agosto deste ano, a União Matemática Internacional decidiu conceder a Perelman a Medalha Fields, considerada o principal prémio da área. O matemático, contudo, recusou a honraria e o prémio de US$ 13 mil, o que lhe rendeu ampla exposição na média. Em entrevista a uma revista norte-americana, Perelman anunciou que pretendia se aposentar da matemática, desiludido por desvios éticos cometidos por colegas (não identificados). O trabalho do russo está sendo avaliado ainda pelo Instituto de Matemática Clay (EUA), que oferece prémios de US$ 1 milhão pela solução de grandes problemas matemáticos, entre eles a Conjectura.

Os dez mais – Além do trabalho de Grigori Perelman, a lista das principais descobertas feitas ao longo do ano contempla áreas como genética, paleontologia, física e medicina. Confira os outros trabalhos lembrados:

2. Genoma fóssil. Um século e meio após a descoberta do homem de Neanderthal, duas equipes conseguiram obter amostras de DNA de fósseis da espécie e seqüenciá-las. O total de mais de 1 milhão de pares de bases conhecidas dos neanderthais deve ajudar a compreender a evolução humana.

3. Degelo acelerado. Cientistas confirmaram que as camadas de gelo sobre a Groenlândia e a Antárctica estão diminuindo rapidamente. Apesar de o aumento no nível dos oceanos ainda ser pequeno, teme-se que as taxas de elevação das marés cresçam nos próximos anos.

4. Um peixe fora d’água. Fósseis de um peixe que viveu há 375 milhões de anos preencheram um vazio na história evolutiva. O Tiktaalik roseae tem nadadoras articuladas e é o peixe mais parecido com os vertebrados terrestres primitivos.

5. Capa da invisibilidade. Físicos deram um passo em direcção à ficção científica, tornando um objecto imperceptível aos “olhos” de um feixe de microondas. A tal capa de invisibilidade, colocada sobre o objecto, foi feita com placas de fibra de vidro e anéis de cobre que desviam a radiação. A aplicação mais próxima do invento deve ser na área de telecomunicações.

6. Luz no fim do túnel. Novas drogas e a identificação de novos genes podem poupar a visão de inúmeras pessoas que sofrem de Degeneração Macular. A doença causa crescimento e rompimento de vasos sanguíneos no centro da retina, podendo levar à cegueira.

7. Segredos da biodiversidade. Diversos estudos com várias espécies ajudaram os cientistas a compreender os caminhos evolutivos que constroem a biodiversidade. Experimentos com moscas e borboletas mostraram como os genes se comportam em descendentes híbridos.

8. Além da barreira da luz. Cientistas desenvolveram novas técnicas de microscopia que permitem obter imagens com maior resolução. A descoberta possibilita, por exemplo, observar estruturas nanométricas de proteínas com precisão muito maior.

9. Força para os neurónios. Uma série de descobertas ajudou neurocientistas a compreender como o cérebro grava novas memórias. O processo conhecido como potenciação de longo prazo, que fortalece as conexões entre neurónios, parece ser vital para o aprendizado.

10. Pequenos notáveis. Uma nova classe de minúsculos fragmentos de RNA, com cerca de 30 pares de base cada, vem intrigando os geneticistas. Os piRNAs, como são conhecidos, são capazes de silenciar certos genes, mas ainda são um mistério em certos aspectos.

Ao lado das grandes descobertas, 2006 foi também ano de má ciência para os editores da Science. O caso constatado de fraude no trabalho do sul-coreano Woo-Suk Hwang, ex-pesquisador da Universidade Nacional de Seul que afirmava ter obtido células-tronco embrionárias humanas a partir de embriões clonados, gerou dúvidas sobre a integridade da pesquisa realizada na área e sobre a capacidade das publicações de identificar tentativas deliberadas de ludibriar seus revisores.

Bola de cristal – Como sempre, a equipa da revista apontou ainda as áreas científicas que considera mais promissoras para 2007. O lançamento do satélite europeu COROT (marcado para o dia 27 de Dezembro), que partirá em busca de planetas extra-solares e estudará o interior das estrelas, coloca a procura por novos mundos no centro das atenções. Novos fósseis de hominídeos africanos e a corrida para decifrar o genoma de mais primatas modernos devem abrir novas portas para o estudo da evolução humana. Conhecer melhor o nosso próprio genoma, aliás, pode ajudar a compreender melhor doenças como esquizofrenia, psoríase e diabetes. A revista aposta também nas pesquisas que comparam o genoma de pessoas doentes ao de indivíduos saudáveis. No campo do infinitamente pequeno, os trabalhos que envolvem aprisionamento de átomos em matrizes ópticas podem resolver problemas importantes da física, como a supercondutividade em altas temperaturas.


-revistapesquisa.fapesp.br (Edição Online - 21/12/2007) (adaptado)
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