O governador diz não haver justificação para ir além do congelamento dos salários na função pública.
"Portugal não é dos piores países." Foi desta forma que Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal (BdP) respondeu à CNBC quando confrontado com os números da dívida pública portuguesa. Isto numa altura em que as comparações entre Portugal e Grécia surgem pelos piores motivos.
Ainda assim, a própria cadeia televisiva reconhece que "Portugal não está na mesma situação que a Grécia ou a Irlanda, já que a dívida pública nacional e o próprio défice orçamental são inferiores".
Contudo, a CNBC salienta que "é preciso avançar com um plano de corte do défice e convencer as agências de rating que Portugal não é a Grécia."
O medo da comparação é real e, tendo em conta que as agências de rating vão olhar com especial atenção para o Orçamento do Estado, cabe a Portugal "apostar numa consolidação orçamental para 2011, mas que seja posta em marcha ainda este ano", adiantou Constâncio. Isto depois de reconhecer que o problema de Portugal é "essencialmente estrutural e exige mudanças na estrutura produtiva da economia".
Apesar de tudo, o governador acredita que as medidas a anunciar na próxima terça-feira, no Orçamento do Estado, vão ser "suficientes para reduzir o défice nacional, já este ano". E, acrescenta que "a dívida interna vai começar a reduzir-se já a partir deste ano".
No entanto, as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) contrariam o governador e não são assim tão animadoras, apontando para um período de fraco crescimento na União Europeia e recomendando mesmo cortes salariais na função pública.
O governador preferiu manter a linha optimista e garantiu não haver razão "para ir além do congelamento" - na verdade, o Governo tinha já anunciado que, este ano, não deverá haver aumentos reais dos salários públicos.
-ionline (Nelma Viana)
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