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domingo, 27 de dezembro de 2009

Oposição acusa Sócrates de omitir a realidade do país


A mensagem de Natal do primeiro-ministro é encarada, entre a Oposição, como um exercício de omissão e sem respostas aos "problemas prioritários". BE e PCP apontam a falta de "medidas mobilizadoras", acusando José Sócrates de "esconder as responsabilidades do Governo". PSD e CDS-PP consideram que "nada de novo" ou de "concreto" saiu do discurso.


"Confiança", "energia" e "determinação" foram alguns dos substantivos que cunharam a mensagem de Natal do primeiro-ministro, emitida na sexta-feira. A ideia de que o país mostra agora "sinais claros" de estar "a retomar lentamente um caminho de recuperação" foi a nota dominante, ainda que a conjuntura de "crise económica mundial" persista.
O país, sustentou José Sócrates, tem "ainda muito trabalho pela frente", o que passará, no entender do chefe do Governo, por um "investimento público que crie emprego".

"Precisamos de investir nos domínios que são essenciais à modernização do nosso país: as infra-estruturas de transportes e comunicações, as escolas, os hospitais, as barragens, as energias renováveis. Precisamos de continuar a apoiar as nossas empresas, com particular atenção às pequenas e médias empresas, às empresas exportadoras, às empresas criadoras de emprego", advogou.

Para o líder da bancada parlamentar do PSD, Sócrates voltou a "fingir que vive num país que não é o nosso": "Falou várias vezes em esperança, mas não a traduziu em concreto".

"Em matéria de desemprego, não deixou uma palavra forte de esperança para os mais de 500 desempregados que todos os dias têm a infelicidade de cair nessa chaga social", vincou este sábado José Pedro Aguiar-Branco, acrescentando que a "esperança devia ser, para todos os portugueses, que o Governo começasse a governar, começasse a resolver os problemas prioritários que o país tem, começasse a criar condições para que as empresas tenham hipótese de manter e criar novo emprego, que é o principal desafio que em 2010 vamos ter".

"Maioria relativa obriga a consensos"

O líder parlamentar social-democrata afirmou ainda esperar que o Executivo socialista "também concretize o investimento público de proximidade, aquele que de imediato possa ajudar as pequenas e médias empresas a encontrarem trabalho". Em seguida, instou José Sócrates a concentrar "todas as suas energias e competências para fazer um Orçamento do Estado para 2010 com condições para ser viabilizado na Assembleia da República".

"É fundamental que o Governo compreenda que tem hoje uma maioria relativa que obriga a que chegue a consensos com a Assembleia da República", frisou.

No entender do dirigente social-democrata, o "primeiro factor de estabilidade vem e tem de vir do Governo, uma vez que "os portugueses votaram no Partido Socialista para que governasse nestas condições, ou seja, em maioria relativa e portanto tem necessidade de estabelecer pontes e consensos para que as suas propostas sejam viabilizadas na Assembleia da República".

"Nada de novo"

A reacção do CDS-PP coube logo na noite de sexta-feira ao líder parlamentar do partido. Pedro Mota Soares afirmou não ter descortinado "nada de novo" na mensagem de Natal de José Sócrates. E criticou o Governo por apostar numa "estratégia de combate à crise" que passa "única e exclusivamente pelo investimento público".

"Para o CDS, para que a recuperação económica seja rápida e acima da média europeia, o que é essencial é que haja uma aposta clara nas pequenas e médias empresas", argumentou Mota Soares, para quem é essa a via que "vai permitir realmente combater o desemprego".

"Relativamente à pobreza", reforçou o dirigente democrata-cristão em declarações à agência Lusa, o discurso do primeiro-ministro "é pouco audaz nos compromissos" para com "os mais pobres dos pobres, os pensionistas": "O aumento das pensões de reforma para o próximo ano anda entre os dois a três euros. Para nós isso é pouco. A proposta do CDS é de dez euros, ainda que para isso fosse preciso fiscalizar a sério o que se passa".

Sócrates sem "medidas mobilizadoras"

Pelo Bloco de Esquerda, a deputada Helena Pinto disse ter visto em José Sócrates um primeiro-ministro "muito satisfeito consigo próprio", mas sem "medidas mobilizadoras no sentido da resolução dos problemas".

"O primeiro-ministro apresentou-se na sua mensagem de Natal satisfeito consigo próprio e com a sua governação. Falou muito de esperança, mas não apresentou medidas mobilizadoras no sentido da resolução dos problemas", afirmou a deputada do BE, citada pela agência Lusa.

José Sócrates, prosseguiu Helena Pinto, "persiste em falar de um país no qual a maioria dos portugueses e das portuguesas não se revê": "Fala como se a crise estivesse estabilizada e diz que o pior já passou, mas o que continuamos a verificar é que o número de desempregados aumenta todos os meses".

No que diz respeito ao investimento público, a deputada do Bloco de Esquerda coloca a tónica na necessidade de "ver qual é o tipo de investimento público".

"Devia ser de proximidade e que gerasse emprego. Mas José Sócrates só tem uma ideia de investimento público, que tem sobretudo a ver com as parcerias público-privadas que têm vindo a revelar-se completamente ruinosas para o Estado português", sublinhou ainda Helena Pinto, citando, a título de exemplo, "a situação da Estradas de Portugal, que já deu um prejuízo ao Estado de 700 milhões de euros".

"Esconder as responsabilidades do Governo"

Por sua vez, o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, sustenta que a mensagem de Natal de José Sócrates teve por objectivo "esconder as responsabilidades do Governo na conjuntura de crise". Um discurso que "continua a atirar toda a responsabilidade pela situação do país para a crise internacional".

"A própria iniciativa para o investimento e o emprego para fazer face à crise está, nos programas de criação de emprego e apoio às pequenas e médias empresas, abaixo dos 25 por cento de execução", assinalava na sexta-feira Bernardino Soares.

"Depois de salientar que "o primeiro-ministro e o ministro das Finanças andam a anunciar a recuperação económica há vários meses", o líder parlamentar comunista vaticinou que o investimento público vai ficar abaixo dos números verificados em anos anteriores.

"É evidente que o investimento público é determinante, mas é preciso lembrar que o investimento público está, por exemplo, abaixo daquilo que existia no início da legislatura anterior com o Governo PS. Falar de aposta no investimento público com estes dados é uma grande hipocrisia", rematou.


-RTP (Carlos Santos Neves)

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