Apesar de o Papa ter escapado ileso, o Vaticano informou que vai rever as medidas de segurança.
Foram momentos de pânico na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Durante a procissão que precede a Missa do Galo, quinta-feira à noite, uma mulher ultrapassou a barreira que isolava o público e agarrou-se aos paramentos do Papa Bento XVI, de 82 anos, fazendo-o cair no chão. A mulher, Susanna Maiolo, já tentara saltar a barreira o ano passado, mas foi impedida pelos guardas.
O Papa não ficou magoado e já ontem apareceu em boa forma para a tradicional mensagem Urbi et Orbi, sem fazer referência ao sucedido. Mais azar teve o cardeal francês Roger Etchegaray, de 87 anos. Apesar de estar a vários metros de distância do Papa, Etchegaray também foi derrubado. O cardeal fracturou o fémur e foi levado para o hospital numa cadeira de rodas. Segundo o Vaticano, Etchegaray sofreu uma intervenção cirúrgica, mas não corre riscos maiores.
Ainda assim, o acontecimento trouxe para cima da mesa a questão da segurança do Papa. Depois de passarem pelo detector de metais, os visitantes da Basílica de São Pedro são submetidos a um controlo muito leve por parte dos membros da segurança, composta pela polícia e pela guarda suíça.
O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse ontem que era impossível proteger a 100% o Papa, porque faz parte da missão do Santo Padre estar perto das pessoas. "O Papa quer ter uma relação directa e pastoral com todos, apertando mãos e tocando nas crianças." No entanto, adiantou que o Vaticano vai rever os procedimentos da segurança pessoal de Bento XVI.
O ataque mais grave contra um Papa no Vaticano aconteceu em 1981, quando o turco Mehmet Ali Agca disparou contra João Paulo II e quase o matou. Em 2007, um compatriota de Joseph Ratzinger saltou uma barricada na Praça de São Pedro, enquanto o jipe papal a atravessava, e tentou alcançar o veículo. Era até agora a principal violação da segurança papal durante o pontificado de Bento XVI.
Susanna Maiolo já tem fãs A mulher que tentou atacar Bento XVI, Susanna Maiolo, uma italo-suíça de 25 anos, tem graves problemas psiquiátricos. Depois de ter sido bloqueada pela segurança do Vaticano, foi imediatamente transferida para uma clínica. Menos de 24 horas depois do ataque ao Papa, Maiolo já tinha uma página de fãs no Facebook. "Susanna Maiolo Fans clube" é o nome da página, que contém várias mensagens sobre o incidente - grande parte irónicas. E há já quem compare este acontecimento com o ataque sofrido na semana passada por Silvio Berlusconi, também efectuado por uma pessoa com perturbações psiquiátricas.
Quem não achou graça ao grupo foram os políticos italianos. "Esperamos que os grupos que celebram no Facebook o gesto de Susanna Maiolo possam voltar a reflectir sobre a estupidez e a vileza da sua insolente iniciativa, que deve ser condenada", disse o ministro de Actualização de Programas do governo, Gianfranco Rotondi, citado pela agência Ansa. Também o deputado Antonio Gentile, do partido de Berlusconi, manifestou a sua preocupação: "Os admiradores de Susanna Maiolo no Facebook confirmam a necessidade de uma intervenção legislativa." Recorde-se que Berlusconi foi alvo de ameaças de morte através de grupos criados naquela rede social.
-ionline (Tiago Guerreiro da Silva)
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